Uma criança de dez anos vai à escola com uma arma de fogo, atira na professora que fica gravemente ferida. Em seguida, atira na cabeça, tirando própria vida.
O que há de mais espantoso? A idade da criança? A premeditação do crime? Uma arma facilmente ao alcance de um menino? O ambiente escolar sendo devassado pela violência? O desfecho final contra a própria vida?
Nada disso. Se for para ser bem sincero, o que mais me espantou nisso tudo foi a demora com que parei para me dar conta da profundidade trágica do acontecimento.
Precisei ouvir, duas, três, várias vezes a mesma notícia até que os dados começassem a ressoar na minha mente, abrindo espaço entre tantos outros pensamentos e me obrigando a reparar nos detalhes: uma criança…dez anos…uma criança…uma arma…a professora…uma arma…na cabeça…uma criança.
O que pode ser mais espantoso do que tudo isso senão a indiferença cada vez maior com que nós – Não! – com que eu, EU reajo, se é que reajo, a uma nova insanidade nossa de cada dia?
Que Deus não permita jamais que o meu coração deixe de ser de carne.
Tendo um filho de 10 anos, esta notícia além de ser chocante por si própria me entristeceu muito. É difícil avaliar de imediato tudo que acarretou este acontecimento trágico. Os tempos são maus.