Eleições: mudanças que não deviam ser ignoradas

Fenômeno inédito no panorama eleitoral brasileiro foi sem dúvida a influência de uma questão de ordem ideológica (religiosa, para alguns) na mudança de intenções de voto que acabou gerando a necessidade de um segundo turno na eleição para presidente.

No caso, estamos falando da questão do aborto, que a partir da mobilização dos eleitores de perfil cristão evangélico, foi capaz de retirar votos da candidata do governo, a quem as pesquisas atribuíam uma vitória ainda no primeiro turno.

Mais relevante ainda se torna o fato ao levarmos em conta que a mobilização se deu fundamentalmente através da internet, por meio da divulgação por emails e redes sociais de vídeos de denúncia, citando declarações da candidata, anteriores à corrida eleitoral, porém recentes, em que ela deixava claro sua posição originalmente favorável à descriminalização do aborto.

O impacto foi tão grande, que logo em seguida ao primeiro turno, o partido da candidata passou a estudar seriamente a possibilidade de retirar a questão do aborto de seu projeto de governo. Vozes dentro do partido chegaram a admitir que a ênfase no assunto foi um erro e não correspondia a uma unanimidade dentro do partido.

Resta saber neste momento, se uma decisão desta ordem, a essa altura do processo, receberá algum crédito por parte dos eleitores, que foram capazes de questionar a coerência do discurso da candidata até aqui, ou será simplesmente encarada como mais uma manobra oportunista de marketing eleitoral sem a menor garantia de que as promessas não venham novamente a mudar mais adiante, caso condições favoráveis para isso se apresentem.

Comentários

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Um comentário sobre “Eleições: mudanças que não deviam ser ignoradas

  1. Óbvio que pra quem acompanha tudo isso, com o mínimo de informação e opinião política perceberá.

    A questão é saber agora se aqueles que apoiaram a Marina farão vistas grossas pra essa manobra que JÁ ESTÁ ACONTECENDO.

    Outra coisa, coerência nunca foi uma característica daqueles que apoiam o PT. Se quem votou na Marina , decidir cair nessa canalhice toda , só posso entender que a mesma coerência se dará para os que a seguem tambem.

    Como ando repetindo, essa eleição ficará marcada pelo candidato menos pior. O povo brasileiro sairá perdendo com qualquer opção que faça.

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