Ideologia e arquitetura

Les Plessin-Robinson cidade francesa

Quanto a ideologia, a arquitetura e uma boa gestão podem determinar o sucesso ou o fracasso de uma cidade?

Era uma vez uma pequena e pacata vila de origem medieval nos arredores de Paris, que, após a II Guerra, decidiu entregar sua administração municipal ao partido comunista. Após 40 anos de gestão comunista, a pequena Le Plessis-Robinson, seguindo os princípios de urbanização modernista, estava ocupada por uma quantidade massiva de blocos residenciais de aparência inóspita, decadente e repetitiva e mergulhada em índices catastróficos de pobreza, desemprego e criminalidade.

Em 1989, porém, Philippe Pemezec, um novo prefeito de direita assumiu e topou implantar uma proposta ousada de recuperação da cidade. Com a ajuda dos arquitetos Xavier Bohl and François Spoerry, Permezec realizou uma série de mudanças radicais na configuração não só dos edifícios, como de toda a cidade. A proposta era tornar a cidade mais amigável ao cidadão comum.

Os blocos de habitação comunistas começaram a ser substituídos pela “arquitetura suave”, privilegiando linhas ao estilo “neo-tradicional” e estabelecendo distinções mais nítidas entre o espaço público e o privado; antigos moradores tiveram a chance de adquirir as novas moradias em condições favoráveis e 80% deles aceitou; as ruas foram repensadas para favorecer a circulação de pedestres e ciclistas, enquanto o centro da cidade foi remodelado, aproximando comércio, serviços e atrações diversas; um grande parque foi planejado aproveitando resquícios da cidade jardim do pré-guerra.

Após a renovação, Le Plessis-Robinson, com seus atualmente cerca de 30 mil habitantes, viu as taxas de criminalidade e desemprego caírem, a cidade ganhou diversos prêmios e o prefeito Philippe Permezec várias reeleições até transferir o cargo em 2018.


Hamilton Furtado

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