Distopia

DISTOPIA: condição de um país, sociedade ou realidade situada em um ambiente de extrema degradação social, econômica e moral, em oposição à utopia, que seria um lugar totalmente oposto, de liberdade, paz e harmonia plena.

Há muito tempo a distopia é um tema recorrente na literatura. Grandes autores já escreveram sobre o assunto, abordando por diversos ângulos o que poderia ser uma sociedade distópica, que via de regra incide em um regime de controle e opressão. Algumas das mais conhecidas obras sobre o assunto são as seguintes:

O PROCESSO
Neste livro de Franz Kafka, de 1925, um homem acorda num belo dia e descobre que está preso e não tem ideia do porquê. Daí em diante ele se embrenha num labirinto burocrático de inquéritos, depoimentos e departamentos, enquanto tenta desesperadamente descobrir, sem respostas, do que é que está sendo acusado.

FARENHEIT 451
Ray Bradbury previu em 1953 a censura do politicamente correto. Nesta obra de 1953, os livros foram sistematicamente sendo cerceados conforme eram acusados de espalhar ideias que poderiam ofender algum tipo de pessoa e prejudicar a paz na sociedade. A uma certa altura, todos os livros acabam proibidos e o governo mantém uma força especial de bombeiros encarregados não mais de apagar incêndios, mas sim de atender denúncias e queimar todo e qualquer livro que alguém ainda possa ter escondido. Todas as grandes obras literárias sobrevivem apenas na memória de pessoas que estão banidas do convívio normal da sociedade.

AQUELA FORÇA MEDONHA
Neste livro, C. S. Lewis faz um mix literário com a temática de contos medievais, ficção científica e elementos espirituais para montar um cenário em que surge na inglaterra do pós-segunda guerra uma trama sinistra articulando estruturas acadêmicas, políticas e sociais, sempre muito bem apresentada pela imprensa de forma a parecer que tudo se trata da construção do ideal de sociedade sonhado por todos em lugar do grande ambiente de controle, engano e servidão irreversível que de fato está planejado.
Este livro é o terceiro e último da conhecida “Trilogia Cósmica” de C. S. Lewis, lançado em 1945.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
No admirável mundo novo de Aldous Huxley, de 1932, não há mais famílias e sexo é apenas para entretenimento. As pessoas são produzidas em fábricas de gente e são programadas para a função que irão cumprir sem questionamentos pelo resto da vida em uma sociedade organizada em castas intransponíveis. Ninguém precisa pensar, questionar, planejar seu futuro e, isso na verdade é desencorajado e punido. Para ajudar a manter tudo em ordem, as pessoas ouvem um certo tipo de música ruim que os ajuda a manter com a cabeça vazia e consomem livremente uma droga alienante totalmente sem efeitos colaterais, a “soma”.

1984
Talvez a mais famosa e atual das distopias. Nesse livro publicado em 1949, pensar livremente é crime. Toda a sociedade é vigiada intensamente para se comportar exatamente como o Big Brother, ou Grande Irmão, espera que ela se comporte. Qualquer desvio será inevitavelmente descoberto ou denunciado uma hora ou outra e fatalmente punido. Pessoas desparecem de uma hora para outra sem deixar rastro de sua existência. O Ministério da Verdade irá se encarregar de determinar o que todos devem pensar, sempre alterando a realidade ou reescrevendo o passado conforme a conveniência do momento, manipulando inclusive o uso da linguagem e deturpando conceitos como o “duplipensar”, de modo que uma fala possa ter um sentido em um momento e outro sentido completamente oposto ao mesmo tempo.

Mas…o que nenhum escritor conseguiu prever até hoje foi um cenário como o atual, em que TODAS essas distopias, além de mais algumas nunca imaginadas por autor nenhum, se mostrariam cada vez mais concretas e presentes AO MESMO TEMPO.

Hamilton Furtado

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