Para ouvir precisamos de duas coisas básicas:
Ouvidos.
Atenção.
E mais do último, do que do primeiro, me arrisco a dizer.
Em uma experiência feita em 2007 no metrô de Washington, EUA, pelo jornal The Washington Post, um músico ofereceu aos passantes a oportunidade de ouvir durante 43 minutos a meia dúzia de músicas clássicas executadas ao seu violino, uma delas, considerada a mais complexa obra para o instrumento.
Era hora do rush, manhã de uma sexta-feira. Ao final do período, ele parou de tocar, sem nenhum aplauso.
No total, seis pessoas haviam parado para ouvir o músico. Vinte e sete deixaram algum dinheiro, num total de 32 dólares e alguns centavos.
Nenhuma das cerca de mil pessoas que circularam por ali naquele momento, exceto uma, percebeu que o músico era ninguém menos do que Joshua Bell, um renomado violinista, executando disfarçado algumas das mais complexas peças clássicas em um instrumento estimado em 3,5 milhões de dólares. Três dias antes, Bell havia tocado na cidade de Boston, em um auditório lotado, com ingressos a 100 dólares.
Ouvidos são um dos nossos canais sensoriais entre o exterior e o nosso “mundo” interior.
Já atenção implica em: prioridades, preferências, capacidade de avaliar o que se ouve a ponto de atribuir um valor relevante em nossa escala de interesses.
É o balanço de cada um desses fatores que nos leva a selecionar o que decidimos perceber e assimilar ou ignorar e descartar.
Interessante, Rosana. Não sabia desta iniciativa do metrô de São Paulo. Também espero que deixem o piano lá, que nenhum vândalo o destrua e que ele seja bem aproveitado pelos usuários da estação.
É interessante mas ao mesmo tempo depressivo ler uma notícia dessas. Saber que para um povo considerado “totalmente civilizado e bem informado” como os americanos isso passou batido, imagino aqui então, num país como o Brasil, onde vivencio por diversas vezes jovenzinhos e pessoas adultas se rendendo freneticamente a ritmos tribais e irritantes de funk carioca ou a músicas sem conteúdo como a do Michel Teló “ai se eu te pego…”. Aqui em São Paulo na estação tamanduateí do metrô fizeram uma coisa muito maravilhosa, que tem chamado a atenção de alguns leigos, mas que por vezes atrae pessoas com bom gosto musical: instalaram um piano, livre para qualquer pessoa tocar. Não cheguei a permanecer muito tempo no local por conta dos compromissos, mas o pouco que fiquei assisti algumas pessoas tocando musicas clássicas conhecidas e uma ou duas pessoas assistindo (contando eu ). Espero que nunca tirem o piano desta estação, tanto quanto eu gostaria que fosse instalado mais pianos em mais estações do metrô.
Realmente é impressionante. A verdade é que as pessoas se enclausuram dentro de seu próprio ser, a cabeça fica focada no que fará ao chegar ao destino ou simplesmente se desligam. O caminho é só “passagem”, para que dar atenção? Interessante é que é no trajeto, seja qual for, é maior a probabilidade do inusitado ocorrer.