A política da fé

Luis Ignácio almeja ampliar sua influência no meio evangélico e cooptar alguns votos deste segmento.

Um esquerdista típico não tem o menor respeito por evangélicos. Pelo contrário, para um esquerdista, tudo no universo Evangélico é digno apenas de desprezo, ironia ou condenação. Não há nada que se possa aproveitar, não há nada que um esquerdista típico julgue digno de aprender ou assimilar a partir deste universo. Quanto maior a erudição desse esquerdista, maior será a desenvoltura com que ele expressa seu desprezo por tudo que constitui o ambiente evangélico: a fé, a visão de mundo, os valores, o comportamento, o estilo de vida, até detalhes triviais do dia-a-dia, que o esquerdista faz questão de julgar e medir sempre com sua própria régua, de cima para baixo, do alto das tamancas de sua arrogância intelectual, da qual é incapaz de descer por um único instante para ao menos considerar a hipótese de que haja uma outra ótica possível diferente da sua própria.

Quando um esquerdista como Lula fala em se aproximar do Evangelho é sempre em uma via de mão única. Ele invariavelmente está SEMPRE tentando moldar o Evangelho ao seu esquerdismo, NUNCA tentando aprender algo do Evangelho para aperfeiçoar sua visão de mundo esquerdista. Isso é próprio do esquerdismo, que julga não precisar aprender nada com ninguém, e por isso é inevitável, é o natural, é o esperado. É ilusório querer esperar algo diferente disso. O evangelho na mão de um esquerdista é só uma ferramenta descartável. É só o voto que interessa, e mais nada, pois nem a adesão ideológica o esquerdista precisa a partir do momento que tiver o poder de impor sua ideologia a toda a sociedade.

Lulla pode até conseguir cooptar alguns evangélicos, mas nunca irá conseguir ir além de um simples teatro momentâneo e superficial na aproximação com eles. Para isso ele teria que deixar de ser quem ele é.

Hamilton Furtado