
Na semana seguinte à que deixou o cargo de ministro da saúde, Luiz Mandetta deu uma entrevista dizendo que ao ser demitido a “ciência que foi exonerada” é que havia sido demitida.
Além do flagrante desrespeito com o colega de respeitável currículo que o substituiu, ao tentar pretensiosamente personificar em si mesmo a idéia de ciência, Mandetta invocava ali o termo “ciência” de uma forma não só arrogante, como inapropriada e não condizente com os fundamentos da própria ciência.
A Ciência autêntica não é e jamais poderá ser associada a imagem de qualquer pessoa, instituição ou versão, seja ela quem for. A Ciência não é alguém, ela não pertence a ninguém, ela não tem dono.
Ciência não é um oráculo onde supostos sacerdotes buscam conselhos indiscutíveis. Tudo na Ciência está em constante reavaliação.
Diante de um quadro inédito, em que quase nada se sabe sobre o vírus Corona, qualquer certeza aparente sobre taxas de infecção, formas de contágio curvas, porcentagens, medidas de isolamento, eficácia das ações paliativas, medicações, equipamentos de proteção, tudo está sujeito a cair por terra de um dia para outro. E muita coisa cairá.
A Ciência autêntica não se impõe por maioria, não “exige respeito”, não força o consenso. A Ciência autêntica não intimida a discordância, não reprime o dissenso, não cala a crítica. A verdadeira Ciência se alimenta da controvérsia para chegar à verdade.
Em um futuro próximo, teremos uma visão mais clara e certamente muito diferente deste momento pelo qual a humanidade passa e haverá muita surpresa ao tomarmos conhecimento de que muita coisa que foi rotulada como “Ciência” era apenas prepotência, política, ou algo até pior…
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