Vender seus produtos faz parte do jogo da mídia, mas a insistência para promover essa Copa do Mundo de futebol feminino é uma da mais agressivas dos últimos tempos. Faz sentido, o objetivo não é só vender o futebol, mas também aproveitar a oportunidade para dar um carona à discussão sobre “igualdade de gênero”.
Daí surgem os mais variados, engraçados e bizarros argumentos para tentar demonstrar que quem não gosta da modalidade só pode ser porque acha que lá “não é lugar de menina”, isso se não tiver alguma falha de caráter ainda pior oculta em algum canto obscuro do seu ser.
Bobagem. Pode até ter por aí alguns que pensem assim. Mas a maioria das pessoas gosta de ver coisas sendo feitas por mulheres. Elas em geral fazem tudo com mais graça, leveza e plasticidade. Por que no futebol seria diferente? Quem não achava uma graça a Milene Domingues fazendo embaixadinha?
O problema do futebol é outro. É justamente insistir numa igualdade que não existe. Em outros esportes, as diferenças entre homens e mulheres são compensadas em favor do espetáculo, da segurança e da saúde. No basquete e no handebol a bola é menor, no vôlei a rede é mais baixa, no atletismo, são usados distâncias, alturas, pesos e tempos diferentes para mulheres e homens. Alguns esportes inclusive são só para elas, como ginástica rítmica ou nado sincronizado, onde homem nem entra.
Resumindo, em vez de tentarem enfiar futebol feminino goela abaixo do público a todo custo, criando uma resistência ainda maior por parte de quem percebe a evidente pressão, que tal deixarem as meninas jogar futebol do jeito delas, não copiando o jeito que homens jogam. Eu começaria estreitando o campo alguns metros, diminuindo a altura e largura das traves e o tempo de jogo, medidas viáveis que provavelmente ajudariam a dar uma dinâmica mais interessante às partidas.
Hamilton Furtado
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