Houve um tempo, num passado bem próximo, em que a desconfiança sobre a indústria farmacêutica era bem grande. Frequentemente surgiam na mídia discussões sobre as práticas das chamadas “Big Pharma”, as corporações gigantescas que controlam a indústria dos remédios no mundo.
Alguns dos principais debates contra as práticas das Big Pharma recaíam sobre:
1.) CONTROLE de preços
2.) SABOTAGEM de concorrência
3.) Incentivo à cultura do CONSUMO de medicamentos
4.) DESINTERESSE por pesquisas pouco lucrativas
5.) INFLUÊNCIA nos resultados de pesquisas
De uns tempos para cá, esse tipo de discussão foi desaparecendo, até sumir quase totalmente dos olhos do público. E então, eis que surge a peste e as grandes indústrias farmacêuticas voltam à mídia, desta vez como grandes altruístas, salvadoras da humanidade, acima de quaisquer suspeitas. Suas declarações sendo repassadas ao público pelos jornais quase como se fossem uma assessoria de imprensa, sem questionamentos, sem discussão. Afinal, estamos falando da salvação da humanidade.
De repente, na contramão dessa tendência, como uma grata surpresa, chega a quarta e última temporada da série Goliath, disponível no Primevídeo. Nesta temporada, o advogado Billy McBride, de tumultuada carreira, se envolve em um caso em que precisa comprovar a culpa de uma grande fabricante de medicamentos para dor, acusada de deliberadamente viciar seus consumidores com opióides.
A série aborda o poder de manipulação da indústria, como funciona a relação entre ela e os órgãos reguladores. Em um episódio é comentado como a FDA (a ANVISA dos EUA) aprova os medicamentos mediante os estudos que os próprios fabricantes enviam para ela, afinal, a FDA (assim como a ANVISA) não tem dinheiro para fazer esses estudos ela própria. Outro destaque é o episódio 5, em que um programa infantil doutrina crianças à cultura do consumo de remédios.
Para quem quiser refrescar a memória sobre todas essas discussões em torno da indústria farmacêutica, ou como introdução ao assunto, eu recomendo dar uma olhada. Goliath remete à luta entre pequenos e gigantes, não é preciso ver todas as temporadas anteriores, mas quem curte o gênero vai gostar.
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