Saúde a qualquer preço

Até pouco tempo atrás as grandes indústrias farmacêuticas, as “Big Pharma”, eram consideradas algumas das maiores vilãs do “capitalismo” selvagem global, perdendo talvez só para as petrolíferas e movimentando mundo afora 1 trilhão de dólares em valores de 2014.

Algumas das principais acusações contra as práticas das Big Pharma eram sobre:

1.) CONTROLE de preços
Grandes empresas se juntando para manipular os preços dos medicamentos através de cartéis, monopólios e manipulações de patentes.

2.) SABOTAGEM de concorrência
Destruição ou assimilação de pequenas empresas em países com mercados interessantes, de fabricantes de medicamentos promissores mas sem capacidade financeira significativa, dentre outros movimentos…

3.) Incentivo à cultura do CONSUMO de medicamentos
Promoção na mídia de uma cultura de consumo de medicamentos desnecessários ou inúteis.

4.) DESINTERESSE por pesquisas pouco lucrativas
Desprezo por pesquisas envolvendo medicamentos para doenças de “gente pobre”, além do desinteresse por medicamentos de baixo consumo ou de baixo custo.

5.) INFLUÊNCIA nos resultados de pesquisas
Esta é a pior de todas as acusações. As grandes empresas sendo acusadas de manipularem resultados de pesquisas, promoverem pesquisas favoráveis e esconderem resultados negativos. Isso seria feito de várias formas, desde patrocínio de pesquisas até suborno dentro do ambiente acadêmico.

Todas essas acusações possuem vasta documentação, incluindo estudos acadêmicos, que até pouco tempo era comum de aflorar na mídia, mas ainda pode ser encontrada com algum esforço Internet adentro. Porém, de uns tempos para cá, algo mudou no ambiente político envolvendo essas empresas, a mídia e a política e, de repente, essas acusações praticamente sumiram.

Num lampejo de pensamento, em anos recentes, algo aconteceu no mundo e as “Big Pharma” deixaram de ser as grandes vilãs do capitalismo selvagem e passaram a ser tratadas sem questionamento pela mídia simplesmente como as maiores benfeitoras da humanidade, acima de qualquer interesse paralelo e sonhando apenas com a saúde plena e perfeita de toda a humanidade, apesar de todos nós sabermos que, para quem lucra com remédio, saúde plena não é tão rentável e conveniente quanto algumas doenças oportunas. As antigas acusações teriam perdido a pertinência? Afinal, o que teria acontecido para justificar tamanha mudança de paradigma?…

Hamilton Furtado

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